Abastecimento e Segurança Energética na Região do Cone Sul Santa Cruz de la Sierra, 20 de agosto de 2008 I Congresso Internacional Bolívia Gás e Energia 2008 José Cesário Cecchi Tathiany Rodrigues Moreira Superintendência de Comercialização e Movimentação de Petróleo, seus Derivados e Gás Natural – SCM Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP
Princípios da Integração Energética Existência de infra-estrutura que conecte os países produtores aos países consumidores; Liberalização do comércio entre os países; Existência de regras claras e harmônicas, que considerem as características específicas da indústria, com o objetivo de estimular o comércio. A existência de acordos de cooperação energética entre os países não é condição suficiente para a efetiva integração energética entre eles.
Pontos Positivos da Integração Energética Complementação entre as fontes energéticas das regiões conectadas; Monetização das reservas de países cujo mercado interno não é expressivo; Diversidade de produtores para a mesma região, aumentando a competição e a segurança do abastecimento; Diversificação da matriz energética dos países integrados; Aumento da eficiência, através de mecanismos de mercado; Custos mais baixos de operação e coordenação do sistema; Maximização da utilização da infra-estrutura constituída e estímulo à realização de novos investimentos.
Quadro Atual da Indústria de Gás Natural no Brasil Apesar da flexibilização do monopólio, a Petrobras possui forte presença em todo o setor, atuando muitas vezes como instrumento de políticas públicas; Riscos de insuficiência de gás para o atendimento à totalidade da demanda nacional; Indefinição sobre um Plano de Contingência que estabeleça destinos prioritários para o gás; Indefinição quanto ao modelo a ser estabelecido pela Lei do Gás (em tramitação no Congresso Nacional); Forte incerteza de cunho político e regulatório nos países da América do Sul que são potenciais fornecedores de gás natural para o Brasil; Não há uma infra-estrutura de transporte integrada e suficiente para o atendimento de mercados já contratados, bem como não há garantia de oferta adequada para o atendimento da demanda interna total (produto nacional + produto importado) no curto prazo.
Características da Geração Termelétrica a Gás Natural no Brasil Importância crescente da geração termelétrica à gás natural devido à expectativa de aceleração do crescimento econômico e aos atrasos na implantação de novos empreendimentos hidrelétricos; Necessidade de garantir o suprimento de gás natural para a geração termelétrica, priorizando este consumo de modo a evitar um comprometimento na oferta de eletricidade; Destaque aos resultados dos testes de operação simultânea realizados desde 2006, principalmente para usinas localizadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste Resultado: falta de gás para o atendimento à demanda térmica, sem comprometer o mercado não-térmico.
Previsão de Oferta e Demanda de Energia Elétrica ( ) Fonte: Instituto Acende Brasil, 2008
Razões do desequilíbrio entre oferta e demanda associadas ao Gás Natural Retirada da oferta devido à Argentina Política de preços baixos inviabilizaram os investimentos em E&P; Em 2004: crise de suprimento de gás natural na Argentina –interrupção do fornecimento para o Chile –proibição do uso de gás natural em geração elétrica destinada à exportação de energia –O Brasil perdeu: MW médios de energia firme da interconexão Brasil-Argentina e 300 MW médios da usina de Uruguaiana. Total da perda: MW médios. Fonte: Instituto Acende Brasil, 2008
Retirada da oferta devido à Bolívia Nacionalização dos ativos em 1º de maio de 2006; A capacidade líquida da produção de gás da Bolívia é de 39 milhões de m3/dia, mas os contratos assinados com o Brasil e a Argentina somam 42 milhões de m 3 /dia; Em 2007, a Bolívia interrompeu o suprimento à usina de Cuiabá: perda de 200 MW médios; Em 14/02/08, o governo boliviano avisou às autoridades brasileiras que limitará o fornecimento de gás à 27 milhões de m 3 /dia no período de inverno: pediu “waiver” da multa contratual. Fonte: Instituto Acende Brasil, 2008 Razões do desequilíbrio entre oferta e demanda associadas ao Gás Natural
Potenciais Soluções Para assegurar a oferta de gás natural à totalidade da demanda interna, apontam-se as seguintes potenciais soluções: (1)Aumento da Produção Nacional (2)Promoção de Novas Rodadas de Licitações (3)Importações de GNL (4)Interconexões Energéticas no Cone Sul
Potenciais Soluções (1): Aumento da Produção Nacional Plano de Antecipação da Produção de Gás Natural (Plangás) – Programa focado na expansão da oferta de gás natural na região Sudeste dos atuais 15 milhões m 3 /dia para 40 milhões m 3 /dia (2008) e 55 milhões m 3 /dia (2010). (1.292 km de duto, com previsão de capacidade de escoamento de 121,8 milhões m 3 /dia). Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) – Forte complementaridade com o Plangás, além de apresentar empreendimentos integrantes do Projeto Malhas. (2.117 km de duto, com previsão de capacidade de escoamento de 62,8 milhões m 3 /dia, incluindo neste volume o atendimento do mercado pelos empreendimentos de GNL).
Fonte: Petrobras Infra-estrutura Prevista de Transporte de Gás Natural Regaseificação de GNL no Rio de Janeiro/RJ Regaseificação de GNL em Pecém/CE Projeto GASENE
A Atuação da ANP no Processo de Expansão da Infra-estrutura de Transporte Autorizar a construção, ampliação e operação das instalações Portaria ANP n.º 170/1998; Estabelecer critérios para o cálculo de tarifas de transporte dutoviário e arbitrar seus valores (nos casos e da forma previstos nesta Lei) Inciso VI da Lei n.º 9.478/97; Instruir processo com vistas à declaração de utilidade pública Inciso VIII da Lei n.º 9.478/97; Garantir o cumprimento da Resolução ANP n.º 27/2005, especialmente quanto a necessidade de realização de Concurso Público de Alocação de Capacidade (CPAC) para a expansão de malha existente ou construção de novos gasodutos.
Potenciais Soluções (2): Rodadas de Licitações Objetivos das Rodadas: Ampliar as reservas brasileiras de petróleo e gás natural; Manter a auto-suficiência na produção de petróleo; Minimizar a dependência externa de gás natural; Atrair novos investimentos para o setor de E&P; Aumento contínuo do conhecimento sobre o potencial das bacias sedimentares brasileiras; e Incentivar as empresas nacionais fornecedoras de bens e serviços (Conteúdo Local).
Potenciais Soluções (3): Importações de GNL Nova oportunidade de oferta de gás natural para o Brasil: duas unidades de importação de GNL estão sendo implementadas nas regiões Nordeste (Porto de Pecém/CE) e Sudeste (Baía da Guanabara/RJ), através de regaseificação a bordo (FSRU). O Terminal Flexível de GNL da Baía da Guanabara compreende a implantação de um Píer de GNL próximo ao Terminal da Ilha D’água, na Baía da Guanabara – RJ, consistindo no recebimento de GNL do navio supridor, estocagem e regaseificação de GNL à vazão máxima de 14 milhões m³/dia, podendo atingir 20 milhões m 3 /dia O Terminal Flexível de GNL de Pecém consistirá no recebimento de GNL de navio supridor, estocagem e regaseificação de GNL à vazão máxima de 7 milhões m³/dia.
Potenciais Soluções (4): Interconexões Energéticas no Cone Sul Centros Consumidores Reservas de Gás Natural Reserva Hidráulica BRASIL URUGUAI PARAGUAI BOLÍVIA PERU Asunción · Lima Santa Cruz São Paulo Rio de Janeiro · · · · Concepción Buenos Aires · · Santiago Mejillones · · ARGENTINA CHILE Fonte: OLADE
Projetos de Interconexão que envolvem o Brasil (Rede de Gasodutos do Sul) Aproveitamento das reservas de Camisea/Peru e Bolívia Fonte: Banco Mundial
Projetos de Interconexão que envolvem o Brasil (Rede de Gasodutos do Sul) Projetos de Gasodutos Selecionados (i)Gasoduto Humay-Tocopilla: investimento de US$ 1,29 bilhão Tarifa de transporte de US$ 1,009/MMBTU (ii)Gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre: investimento de US$ 478,6 milhão Tarifa de transporte de US$ 0,578/MMBTU (iii)Gasoduto Noroeste Argentino GNEA: investimento de US$ 5,05 bilhão Tarifa de transporte de US$ 0,606/MMBTU Gasoduto GTB: Tarifa de Transporte de US$ 0,340 /MMBTU Gasoduto TBG: Tarifa de Transporte de US$ 1,204 /MMBTU
Evolução do Volume de Importações – Bolívia e Argentina (mil m 3 /dia) Fonte: ANP, 2008.
Diagnóstico da Situação Atual no Cone Sul Existem reservas significativas de gás natural a serem monetizadas no Cone Sul (e na América Latina); Há carência de infra-estrutura de transporte; –O desenvolvimento exige investimentos de longo prazo; –Pode ser comprometido em função de problemas políticos internos aos países, que aumentam as incertezas do processo de integração; –Estados Nacionais apresentam limitações quanto à capacidade financeira para a realização destes investimentos. De forma geral, agentes privados aparecem como os principais financiadores de projetos em infra-estrutura; Não existe harmonização regulatória entre os países; Governos têm um papel fundamental no processo de integração das redes energéticas (p.ex.: Gasoduto Bolívia-Brasil).
Dificuldades para a Integração Energética Necessidade de estabelecer um marco regulatório estável, que alcance os países envolvidos no processo de integração; o Critérios de despacho; o Comercialização; o Normas de qualidade e especificação; o Resolução de conflitos; o Acesso às redes; Resistência por parte dos agentes nacionais que possam sofrer efeitos negativos do processo de integração; Estabelecimento de medidas protecionistas; Países estão buscando soluções próprias para resolver seu problema interno de abastecimento: implementação de projetos de GNL para diminuir a dependência e aumentar as fontes de suprimento.
Considerações Finais Os países do Cone Sul apresentam grande potencial para o crescimento do mercado de gás natural, devido ao seu volume de reservas e ao expressivo aumento da demanda; Necessidade de esforço integrado para o estabelecimento de regras conjuntas, que possibilitem a efetiva interconexão, aumentando o fluxo de gás natural entre os países; Regras claras e estáveis para a atração de investimentos privados, que farão parceria com o setor público; Importante papel dos Reguladores de cada país para: (i) buscar a harmonização regulatória no processo de integração; (ii) estimular a competição, garantindo o acesso não-discriminatório; e (iii) garantir o perfeito funcionamento dos mercados energéticos. Todavia, a realidade atual é que cada país está buscando garantir seu suprimento, com confiabilidade, através de soluções nem sempre de menor custo.
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP